O que falar de fevereiro
Decidi então fazer uma leitura sobre o carnaval.
Fevereiro — mês que pulsa como tambor
Fevereiro não é só o mês do carnaval. É o mês em que o tempo dança. Onde o corpo vira enredo, o coração vira batuque e a alma... se permite. Há quem diga que é excesso. Talvez seja. Mas há quem precise extravasar só pra continuar. E tem algo de sagrado nesse rito que alguns dizem ser pagão: no suor que escorre, na fantasia que revela mais do que esconde, e no silêncio que fica depois do último tamborim.
O carnaval, como o conhecemos hoje, é herança ancestral, tecido ao longo dos séculos por culturas que celebravam a liberdade antes da disciplina, a alegria antes da quaresma. Sua origem remonta às festas pagãs europeias — como as Saturnálias romanas e as celebrações dionisíacas gregas — em que as hierarquias sociais se invertiam e tudo era permitido, ainda que por poucos dias. Ao chegar ao Brasil, o carnaval encontrou outras camadas: a força do batuque africano, a ginga dos corpos miscigenados, a resistência mascarada de quem dançava para não calar.
É por isso que, em cada batida de tambor, há mais do que ritmo: há memória. Em cada fantasia costurada à mão, mais do que brilho: há identidade. Fevereiro pulsa porque carrega em si um povo inteiro que, ao menos uma vez por ano, se autoriza a existir com toda intensidade que sente. E isso — ah, isso é revolução disfarçada de festa.
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Equipe do Blog LN