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"BLOG LUCIANA NÓBREGA: ARTE, CULTURA, MPB E OUTRAS BOSSAS. " [Alexandre Lira]


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sábado, 30 de novembro de 2013

SAMANDHI CIRONE

RUMO
Por Samandhi Cironne  
Lentes Mariana Abrantes


Pensei que as decepções extirpassem as ilusões mas, agora, acho que as alimentam. O sofrimento aumenta a sede ao ponto de te fazer ver miragens no deserto. Pra não me perder entre essas montanhas gigantes e móveis de areia, tenho a música como bússola e uma estrela guia que se chama Mikhael.
Por vir ao mundo como testemunha, não coaduno com a mediocridade e a frieza. Sou artista porque enxergo, no mínimo, a dor de quem está perto e vivo os paradoxos que afastam as paredes móveis de meu universo relativo. Me expando e sou com o outro a sua alegria e tristeza.
Como odeio os mundos particulares de quem não quer se afetar! Sou artista porque me sujo, estendo a mão, me misturo. O desafio que exijo é pra mim e não aos outros. No casulo espero, no mundo eu crio. Eu e a vida na luta, na dança debaixo do sol, derretendo ou arrepiando os pelos com a frieza dos ventos lunares.
Não há, para o meu interesse, diferença entre teu choro e teu riso, quero participar das palavras que mudam seu dia. Serei o seu dia. Serei a porta pela qual a noite entrará em tua boca. Quem está ao meu lado não se sentirá sozinho.
Sim, é possível se sentir extremamente sozinho do lado de alguém, da mesma forma que Renato cantou como seu corpo era quente mas sentia frio. Esta é uma solidão muito pior que aquela que às vezes sentimos nas multidões. Este é o único vazio que sinto.
Mas não há porque me lamentar se tudo me alimenta. Pior seria o vazio diante de uma página em branco ao sentir que não há sobre o que falar e só me resta o jogo mental de palavras com o qual muitos compositores se valem pra fazer suas canções, esboçando fria estética sobre o nada. Triste. Não por ser o nada vazio de sentido e beleza, mas por ser esta a única pobre e estreita porta que encontram pra fugir do casulo em que se trancam.
Não é numa torre que meus ídolos fizeram suas canções, mas navegando no mar de gente, na proa de um barco chamado altruísmo, entre peixes bizarros e lindos.



                                                                                   Samandhi Cirone
                                               é cantora, compositora, professora de arte,
                                                       formada em Educação Artística pela Universo

foto by Débora Nóbrega | design by Luíza Medeiros